Numa escassez de recursos tão grande (sem água, sem luz eléctrica, sem cama, sem privacidade) abundou a comida e a conversa acabou por fluir. Falou-se de esperança e desesperança. Falou-se de missão e da interpretação que cada um faz dessa missão - a pessoal e a comunitária ou vice-versa. Eu cá, senti desesperanças ou esperanças díspares, sem pontos comuns, incoordenáveis num objectivo consensual. Aprendemos a desconfiar, a não acreditar e principalmente a achar que não vale a pena. Perdi a força, talvez até a esperança. A primazia do eu sobre o nós, só disponível para ceder dentro de um pequeno círculo, o dos amigos, dos colegas, da família. Disponível a ceder sem compromisso, sem futuro, sem sacrifício. O nós é efémero, preguiçoso, sol de pouca dura e só enquanto não voltamos aos confortos do eu. Também embarco. O navegador solitário tem uma vida mais dura mas mais fácil, sem compromissos, sem delegar, sem confiar na competência do outro. Aporta só quando lhe apetece, reabastece-se dos outros e parte. Temo que andemos numa regata de veleiros solitários, de vez em quando cruzamo-nos no mar imenso da vida mas nunca apanhamos a mesma caravela em aventuras comuns. Temo que também não mais dobremos o cabo da boa esperança.
Mas o Palheirão valeu a pena - encheu-nos de verde e de mar. vejam as fotos do Francisco. Ele prometeu mais.
Desculpem ter tomado a iniciativa de escrever isto mas espero que acrescentem o vosso ponto de vista.





Palheirão...
ResponderEliminarSim valeu a pena!
Demonstra-o este texto com tanta profundidade e reflexão... às precisamos desses momentos de introversão, no meio da multidão, em condições «especiais» … para que os nossos mais profundos medos, pensamentos, reflexões... saltem cá para fora...
Sem dúvida necessitamos por natureza do sentimento de pertença... um grupo... uma família... mas realmente o caminho do crescimento é sempre solitário... mas não necessariamente triste ou sem esperança...
Sim entendo a tua perspectiva! Déjà Vu!!!!!
Mas temos que individualmente encontrar a força e a beleza da regata destes veleiros solitários para que os «encontros por esses mares da Vida» nos passeiem na mesma caravela em aventuras comuns - ainda que só por instantes, horas, dias...
Não! Não quero perder a esperança!!!
Carina Cadima
...o que faz falta!?...é avisar a malta...p'ró que faz falta!...
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